"Vitória do bom-senso". Rússia saúda exclusão de ativos russos para apoio a Kiev

Para o responsável pelo Fundo Russo de Investimento Direto, trata-se de "uma grande vitória para o direito e o bom-senso".

Cristina Sambado - RTP /
Foto: Celal Gunes - Anadolu via AFP

O responsável do Fundo Russo de Investimento Direto, Kirill Dmitriev, saudou esta sexta-feira a decisão, saída da cimeira de líderes da União Europeia, de financiar a Ucrânia através da emissão de dívida, em vez de utilizar ativos russos congelados.

Kirill Dmitriev dirige o Fundo Russo de Investimento Direto e, segundo a France-Presse, é considerado um dos autores do plano de paz para a Ucrânia apresentado pelo chefe de Estado norte-americano, Donald Trump.

Para Dmitriev, a decisão da União Europeia foi "uma grande vitória" para o direito, acrescentando que se tratou, em particular, de uma vitória para das vozes sensatas da Europa.

"Se isto for verdade, o cancelamento do esquema ilegal inicialmente proposto pela União Europeia de utilizar reservas internacionais russas para financiar a Ucrânia vai ser uma grande vitória para o direito e o bom senso", escreveu Dmitriev nas redes sociais.

"A lei e o bom senso venceram por enquanto", realçou o responsável do Fundo Russo de Investimento Direto.

"O mundo inteiro assistiu-vos a falhar em coagir outros a infringir a lei", frisou Kirill Dmitriev, citando especificamente o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Friedrich Merz.


Os líderes da União Europeia (UE) concordaram sexta-feira financiar a Ucrânia com 90 mil milhões de euros em 2026 e 2027 através da emissão de dívida com recursos do orçamento comunitário, deixando de lado, de momento, o plano inicial de recorrer a ativos russos congelados pelas sanções.

Embora o principal objetivo fosse garantir o empréstimo utilizando os recursos gerados pelo vencimento de ativos russos congelados, como defendia a Comissão Europeia, os líderes optaram, pela emissão de dívida comum.A decisão ficou a dever-se, sobretudo, às objeções da Bélgica, país onde se encontra depositada a maior parte desses ativos, avaliados em 185 mil milhões de euros.

Em conferência de imprensa, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmou que vai ser concedido com urgência "um empréstimo garantido pelo orçamento da União Europeia", que "reserva o direito de utilizar ativos congelados para o pagamento do empréstimo.

De qualquer forma, os líderes instruíram a Comissão Europeia para continuar a trabalhar num "empréstimo de reparação" para Kiev "com base em ativos russos congelados".

O primeiro-ministro belga, Bart De Wever, saudou a decisão de optar por um empréstimo garantido pela margem orçamental da UE para financiar a Ucrânia em 2026 e 2027 e reiterou que os ativos russos depositados no país vão "permanecer congelados".

A Rússia invadiu a Ucrânia em 2014 anexando a Península da Crimeia e lançou uma ofensiva de grande escala contra todo o território ucraniano em fevereiro de 2022.

c/ agências

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